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“ ... refletindo sobre os moradores de rua, mendigos, sem teto e esquecidos da fortuna assassinados por vândalos das noites urbanas...” abril, 16, 2013
- Noites urbanas -
No meio das noites urbanas percorrem as ruas desertas, solertes a procura dos desgraçados. Tétricos seres da noite, arrogantes bem nascidos e bem nutridos, à falta de um senso maior divertem-se diante do infortúnio.
Deixados pela sorte inertes, em papelões de marquises, nas mansardas habitadas por fantasmas, feéricos seres que se alimentam , da ingratidão e da maldade, mostram corpos esquálidos, faces encarquilhadas , espíritos desvalidos, rostos duros de barbas hirsutas, tocos de dentes pútridos , em bocas que não sabem mais sorrir.
Maltrapilhos perseguidos, a sorte não os adverte, corpos fumegando , lentamente soltando fumaça. Carnes dilaceradas tragadas pelas chamas solenes, rolando diante da dor , clamor lancinante , imobilizados pelo terror, antevendo a morte fatal.
Jogam as cabeças para trás, incitando companheiros de divertimentos, sorvendo o cheiro nauseabundo , de carne e tendões, em meio a gritos sufocados, de bocas famintas que não sabiam mais gritar, nem pedir por si. Queimam a carne miserável, aviltam o espírito dos que tem fome, sem um canto para dormir.
Não há nada de humano na iniquidade que supera os mais medonhos sonhos. Não pergunte o que eles pensam, ou se isso os diverte. Não pergunte se tem honra, ou sabem o que é compaixão, não pergunte nada.
Mostre-lhes a porta do inferno guie-os até os umbrais da vingança escoltados pela almas dos estranhos mortos nas aras de sacrifícios das ruas da cidade desumana.
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