
Metrô
Data 21/04/2013 13:34:29 | Tópico: Poemas
| " ... emerge fugaz das entranhas abissais, galgando outra vez a borda do universo ..." -----------------------------------------------------------------
- metrô - manhã de março, saindo da estação Santana, com destino à Parada Inglesa
depois de centena de metros deixando a luminosa superfície como à procura de um abrigo quente, estrondoso desce às entranhas do chão entrando no manto protegido do vento.
não teme as catacumbas percorre jugulares da terra caminha para frente como um cão perseguindo raposas nas profundezas dos túneis escuros passagem inexorável rompendo obstáculos
junto com ele no pacato subterrâneo alegres jovens rumo à universidade entre as matronas de cabelos cinzentos operários sorridentes com moedas contadas soldados obedientes olhando ao redor anciões suando de medo segurando rosários
quatro quilômetros e duzentos metros um bêbado descuidadamente deitado acorda indiferente à estação passada vento bate de frente com notas musicais quando deixa seguro o abrigo quente emerge fugaz das entranhas abissais galgando outra vez a borda do universo marcando indeléveis na terra suas iniciais.
|
|