
Da ilusão do estar-se livre (#)... .
Data 23/04/2013 07:43:50 | Tópico: Poemas
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Da ilusão do estar-se livre
Prisão já me basta o da própria consciência. Meus pensamentos são Recados subconscientes que nem sei como existe.
E este corpo que sempre me leva à latrina, À repugnância vexatória de sentir-me o fedor.
Aliás, o corpo vomita mesmo é pelo fundilho, senhoras e senhores, E todos compõe esse detrito, junto ao nariz empinado.
Prisão, já me basta aqui, de madrugada, Tentando achar a palavra que te encaixe nas coxas Do teu cérebro, só para arreganhar o gosto de minha vaidade De poeta.
E ninguém sabe, puta que pariu, essa contradição: O homem nasceu para ser livre! Livre de quê? Das latrinas? Dos mictórios? Nunca será. Nunca será livre, nem do outro nem dele mesmo.
O homem é essa tragédia de pensar-se livre, De pensar que é vivo, de pensar que ama Enquanto baba e treme sua epilepsia de línguas Engatado feito uma cadela no cio.
Liberdade? Não seja infantil. Tolo. Hoje mesmo você vai caminhar na direção contrária De tudo aquilo que planejava e nem vai notar As pesadas correntes que vai ter que arrastar.
E que se dane o soneto com sua métrica enfadonha. Com sua merda elitista obsoleta pra boi dormir. Prefiro a autenticidade e a poesia do riso de uma criança Observando a bolha de sabão ao gosto do vento.
A liberdade, senhoras e senhores, não existe. E este poema é a prisão dos teus olhos junto aos meus. Ria ou fique triste ou nada disso te importa, Mas algo te prendeu até aqui, como prendeu a mim.
MF.
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