O vento passou pedindo que se contasse uma história e ela ousou falar sobre o chão; o pó grudando em bocas, rachaduras de fomes e lágrimas de esperanças. Quis relatar algo sólido, consistente, que estava a um palmo dos olhos e assim preferiu dizer do solo. Era tão simples andar e olhar ao redor, e mais simples ainda era ouvir com simplicidade e, assim, contou ao vento um acontecido terreno. Alguém lá do alto jogou-lhe uma estrela, a fazer lembrá-la que o céu existia e, para que não se esquecesse disso, deixou a orbe presa em seu telhado. Ela sentiu-se feliz com aquele ponto luminoso próximo de sua cabeça, mas percebeu que depois disso, alguns meteoros começaram a cortar a atmosfera e tinha vaga impressão que línguas de fogo só respingavam em seu quintal. Poderia estar enganada, porém achava que era uma revolta espacial pela escolha da história. Agora ela teria que agüentar, além dos meteoros, também os granizos. Também pudera... quem mandou cutucar o céu?