
Perfume do silêncio
Data 08/05/2013 16:48:33 | Tópico: Poemas
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Lá fora chovendo canivete, o fusquinha todo fechado, com o vidro já embaçado, e uma goteira no meu topete.
Mais de duas horas de viagem, percorrendo aquela estrada. Abafado, sequer uma aragem, ao meu lado Jurema ia calada.
Estranhava aquela atitude, a mina estava até ofegante. Pois se sempre falava amiúde, não se calava por um instante.
O fusquinha parecia lacrado, ambiente não se renovava, sem ter ar condicionado, o vento de fora não entrava.
Perto da estrada do Moinho, Jurema parecia assaz agoniada, mas levantou meio de ladinho, depois pareceu bem mais aliviada.
O que se seguiu foi aterrador, aumentou demais a agonia, não conseguia suportar o odor feijão e brócolis era o que fedia.
Olhei feio para minha consorte, reclamei – acho que tinha razão: “- Jurema! Não há quem suporte o cheiro bravo desse seu “punzão” “
“- Sarcô *, deixa de ser implicante !” respondeu a minha cara metade. Desde aquele último restaurante. eu já estava com baita vontade.”
“ - Só queria quebrar a calmaria, achei que estava muito calado. Sequer podia imagina que você queria, era ficar num silencio perfumado!”
(*) – Sarcô, com chapeuzinho no “o” é o nome carinhoso pelo qual a Jurema me trata. Só não gosto quando ela fica brava e grita: “ Sarcô! Seu cocô !!!” ... e vai por ai afora.....
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