O cumprimento

Data 08/05/2013 18:17:05 | Tópico: Poemas

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O cumprimento




Existem aqueles que se supõe derrotados
Ou, vitoriosos no templo das ilusões.
O Taj Mahal os deixam genuflexos,
Postados diante do bezerro de outros
E dizem, Deus! ao deus da carne e das entranhas.

E desembainham suas espadas, não a da sabedoria,
Mas a lâmina dos delírios muito em voga,
Obsoletos samurais, intrépidos e pândegos,
Afinados ao gosto da turba.

As sereias não param seus gemidos, seus cantos,
Pois este é o dom dos mitos,
Apontar os tíbios, os néscios e,
Também acordá-los no patamar dos ridículos.
Acorda, meu irmão, o sol já te lambe a cara!

Ah!... e quanto mais sofro dessa contente lucidez,
Que me fragmenta naquilo que não sou,
Mas que teima subsistir à míngua de minha reles atenção,
Resta-me a alegria cristalina
Em vislumbrar a vitória sobre, não em outro, mas em mim mesmo.

Que venham os insanos, médicos de minha alma,
A apontar, também, minha insanidade, em perfeito diagnóstico!

O mar é essa vastidão e meu poema é velejar
Por este oceano bem dentro aqui,
Neste infinito que sou e que, ainda longe, pouco conheço.

Amanhã, bem sei, posto que outros indicaram,
Com certeza vou rir o riso discreto e manso
E, com este amor, chave entre as mãos, abrirei as portas, todas.

Mas agora não posso fazer o convite, lamentavelmente não quero,
O que muito me aflige, porque já tarda em minha trincheira e, sei,
Muitos irão experimentar dessa ambrosia,
até bem antes.

E o resgate, o nosso, o de todos, terá o seu fim.





MF.


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