Carta a minha mãe
Data 12/05/2013 18:41:50 | Tópico: Poemas
| Suspenderia o tempo nas flores de miosótis em que tecias o azul das tardes e a limpidez dos teus olhos vertia na minha pele a luz onde a estrada começava e crescia a (en)formar o gesto e a palavra.
Escutavas os meus cansaços entre o perto e a lonjura das minhas assimetrias e nas tuas mãos de abrigo eu sentia o tronco da sabedoria quando às minhas verdades inteiras tu sorrias tu sorrias.
Por vezes sabe-me a lodo a estrada derrama-se pelo chão a linha do horizonte consomem-se os dias por entre a nostalgia da terra molhada.
Ajusto o tempo à memória e na textura da tua voz regresso à doçura da casa no silêncio de um tempo de raízes e regaços que flutua na poeira dos meus passos entre as rugas do crepúsculo e os escombros das esperas.
BL
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