OBSCENA-MENTE

Data 26/05/2013 16:11:17 | Tópico: Textos

.
Pensei que podia escrever quando a palavra ousasse, quando arrastava milhares de répteis e vomitava fogo para queimar propositalmente todos que pudessem ler as minhas artimanhas enjoadas. Pensei que podia deter a noite no meio dos dias e as coisas que já me danificaram o lado virgem da alma. Não consigo calar a boca da mente, as vontades obscenas, inclusive àquelas de ser poeta como se isso não fosse dom e disciplina. Talvez, algum dia, eu consiga chegar lá do outro lado de mim e ser um melhor algo, um eu mais sonoro e grandioso. Nunca alcancei a magnificência do outro. A grama parecia mais verde, mas era artificial. Preferir ser insignificantemente cheia de significâncias...Quase todas minhas. Agora, estou habitando a minha pele sem discordar das horas, sem querer a eternidade das coisas (im)possíveis, sem muitas neuras. Algumas nóias já me bastam. E é com o peito amuado e cheio de gratidão que enxergo sem muita luz que o sono é delicioso.O despertamento é coisa do tempo.

Karla Bardanza




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=248454