Quatro poeminhas, quatro patas ou os nossos grunhidos #

Data 27/05/2013 22:38:54 | Tópico: Poemas

Nossos grunhidos




Criada para nos aproximar
A língua nos retalha, fatia,
Nos deixando bem próximo dos animais.

Enfeitamos nossos grunhidos
Com regras, ritmos e até rimas.
Tudo muito bem arrumado,
Mas continuam sendo grunhidos.

E não adianta disfarçar
Enfiando os cascos num mocassim
Ou lambendo um batom Costa Chic.

Sim, andamos na vertical,
Sofrendo hérnia de disco
E agredindo nossa verdadeira
Natureza de quadrúpede.





MF.23.05.13




...


Precipícios





Às montanhas íngremes
Entrego à paz solitária dos alpinistas
E deito-me na relva.

A mim dou apenas o direito de escalar
Os cumes dos teus seios
E percorrer as fendas do teu corpo.

O risco de morrer
Em beiras de precipícios é o mesmo.

Mas em um deles faço questão
De me abandonar à queda.








Milton Filho, 01.05.13




...


Carma




Quando o homem nasceu
O céu nublou.
E desde então chove,
E desde então alguém chora.

Será assim, inclemente,
Até a última gota de sangue,
Até o último ceitil?






MF.25.0413




...



Os olhos batem palmas




O piscar do teus olhos
São pálpebras batendo palmas,
Enquanto se fotografam imagens
Correndo em fuga
Na direção de tuas retinas.








MF.17.05.13



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