O POSTE

Data 04/06/2013 14:28:42 | Tópico: Poemas








Na minha rua havia postes,
orgulhosos sustentáculos
de linha de iluminação.
Com o tempo, verdadeiras hostes
de postes, postículos e postáculos
acabaram espalhando tentáculos
dominando a minha calçada,
eram terríveis obstáculos
ao meu direito de ir e vir,
quando em plena madrugada
chegava em casa atordoado

[- na verdade, chegava "mamado"
mas não fica bem confessar assim.]


Certa noite, já madrugada alta
admirava a lua em seu esplendor
distrai-me com toda uma malta
de noctívagos quase ao meu redor.

Passei pela caterva tão risonha
olhando para trás caminhava
eis que me acontece coisa bisonha
com a qual nem sequer sonhava.

Um deles gritou: "na parede não encoste"
" tinta fresca. vai acabar se sujando"
Adernei para o lado do poste
e, respondendo ainda andando:

- Obrigado pelo seu gentil aviso
foi mesmo muito preciso,
se encostasse no tapume
jamais sairia incólume.

Mais um grito solerte me atraiu:
_ Cuidado com o poste. Não viu?
Virando para trás,
tentei responder ao rapaz:

- poste? que pos... toooiiiiiimmmmm




PS. houve tamanha ressonância pois o poste era de ferro.





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=249071