O doce néctar do prazer.

Data 17/12/2007 23:26:44 | Tópico: Textos -> Amor



Escondido, na penumbra do espaço que nos circunda, o teu corpo, permanece deitado sobre o cetim dos lençóis. Esperas-me, os teus sentidos estão atentos ao movimento, a luz lúgubre, cintila como as estrelas e desenha sobre as paredes, sombras do meu corpo, que serpenteia por entre as velas. Aguardas que te toque a pele, como a terra seca e árida do deserto aguarda pela chuva da tempestade. Suavemente, debruço-me sobre o teu corpo despido, fecho os olhos, apuro o instinto que me conduz, nesta escuridão que me impus. Dos meus dedos faço olhos, do meu olfacto faço guia, e, com a ternura do amor que te quero oferecer, deslizo, sem te tocar, sobre o teu ventre, que sente, o ar quente, que me escapa dos pulmões, e o acaricia com a suavidade da seda. Os meus dedos, procuram os teus olhos, querem vê-los, observar o teu rosto, como o toque preciso do afago da minha alma. Os meus lábios, sedentos de ti, ficam húmidos de desejo de encontrar o teu corpo, a minha pele, quer devorar a tua, apenas com o toque, como a pluma, suave duma Fénix jovem.
Sinto o perfume de coco e canela, que se espalha sobre o ar aquecido pelas chamas que se desprendem das velas em nosso redor, pelo calor dos corpos que aos pouco começam a fervilhar de prazer. Nesta dança, que executamos quase sem nos tocarmos, paramos o tempo que deixamos lá fora, junto com o mundo inteiro, quando fechamos a porta da vida e decidimos esconder-nos aqui. Aqui, ofereço-te a minha alma, e em troca recebo o teu corpo. Aqui, dou-te a eternidade, e recebo o doce néctar do prazer. Aqui, ensinei-te um dia a amar de uma forma distinta, e hoje, recebo-te para me dar.



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