
Quando a ovelha sente a proximidade da noite
Data 06/06/2013 16:07:43 | Tópico: Poemas
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I.
O que mais eu posso dizer ou fazer? Tornei-me somente uma pobre ovelha. Mesmo que tente ressoar minha voz, serão apenas débeis balidos,
Das débeis cordas de meus olhos, somente lágrimas posso permitir. O pastor não protege a desgarrada. Uma ovelha negra conspurca seu rebanho.
Mas, não posso continuar eternamente a caminhar com outras ovelhas, Ter medo da noite e do lobo, pastando mansamente na grama da ravina.
O lobo tem fome, não admira o azul do céu, e nem o verde das pastagens comuns, Mesmo distante sente o cheiro das presas. Afinal, para ele, ovelhas são apenas alimento.
Não há resultado. Mesmo tomando uma pele, as patas serão sempre de uma ovelha, o balido jamais será uivo cruel mesmo que em defesa da própria vida.
II.
Deve uma ovelha contentar-se em balir doce, beber a água do regato somente rio acima, viver de ar, água e pasto verde , contentar-se em apenas matar a sede e a fome?
Deixar-se mansamente ser engolida pelo dia, enquanto o pastor vê a namorada, e ao longe com olhos perversos, o lobo não medita sobre o tormento da presa?
Uma ovelha somente será uma criatura, enquanto abaixar a cabeça, balançar o pescoço, concordando que não existe maldade, no sentimento do lobo em devorá-la ?
Não pode revelar malicia nos olhos, não pode mudar a cor da sua lã; não queira discordar do rebanho , será sempre como foi criada.
Será eternamente branca e comestível, transparente na paisagem, humilde, não nasceu para a ninguém atacar, sempre será alimento de alguém.
III.
Quando o lobo estiver faminto, sem nada para comer ou beber, chega a sua hora de atacar, sem preocupações com a miséria .
O que pode fazer a ovelha quando sente a proximidade da noite, a não ser antever as feridas na carne, e acordar sabendo que o lobo vai comê-la?
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