Todo Poeta

Data 18/12/2007 10:38:54 | Tópico: Poemas

Todo poeta tende a ser um sofredor,
Pois n’algum momento não foi amado
E por mais que se diga entendedor,
Ainda que rico em palavras,
Puro encantamento, é pobre, é coitado.

Todo poeta tem um amor para escrever,
Mas tendo, nunca o tem para amar,
Como se andasse por sobre um precipício,
Por isso desconta nas folhas, na caneta, no vício.

Todo poeta não passa de um fingidor,
Bem disse o fingidor que fora chamado poeta,
Pois convence ao pobre que lê e sonha com o amor,
Coitado, mal sabe donde tal escrita se enceta.

Todo poeta é um só e sem rumo,
Escrevendo tenta se achar, quem sabe um prumo,
Mas mal sabe donde lhe cabe o dedo.
Por isso vive nas linhas derramando segredos,
De tudo que o ser passou, amou, sofreu, chorou,
E agora ao esmo em algum canto tem medo.

Todo poeta não passa de um viciado,
Que se embriaga de falas empalidecidas,
Que traga todas as incertezas de um ter malogrado.
Mas não sabe onde lhe cabe o gosto,
Escrevendo ao desgosto, o chama de vida.

Todo poeta é um ser safado,
Que degusta das dores a magoá-lo
Mesmo assim se diz dela necessitado
E flagelado, as busca, as invoca...
E as abraça em pranto, querendo-as sempre do lado.

Todo poeta o é, e assim será eternamente:
O poeta que no amor esconde sua incompreensão.
E que por tanto a vida mente, constantemente...
Chamando de belo, a falta, a desilusão.




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