num doce embalo

Data 13/06/2013 12:05:13 | Tópico: Poemas -> Solidão

trago as mãos cheias de nada
não desistem de ser trigo
andam em sonhos embrulhadas
fazem dos sonhos abrigo
de quando em quando o tempo ameaça
soltam-se lágrimas sem piedade
e sem tempo nem idade chega
a saudade e me abraça.

recebo a oferta dum dia mais
nunca se sabe quando acaba o jogo
a vida é bola de fogo
que às vezes o vento ateia
e o tempo encandeia.
alheia, a tudo alheia,
fico perto das horas
temente e perdida
com o ar na garganta fechado
e a voz sentida,
mãos frias e tensas
e sobre o mar dos meus olhos
saudades imensas.

as palavras se amotinam na boca
mas o tormento me apraz,
palavras simples
que repito ou que calo
num doce embalo, num
tempo calmo... de paz.
neste caminho por onde sigo
onde a morte virá ter comigo,
sou apenas uma semente!
só há uma entrega
à terra que me sente.


rosafogo
natalia nuno



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