Com o mundo às costas

Data 13/06/2013 22:20:43 | Tópico: Crónicas

Poder-se-ia tratar de um lugar comum, ou, ainda, do chamado “Complexo de Atlas”, particularidade daqueles que assumem as dores dos outros, como se estas fossem efetivamente suas, agravado ao facto de se acharem insubstituíveis e os únicos talhados para cumprir, sem defeito, todas as trivialidades, tarefas e demais responsabilidades da sua subsistência e por arrasto daqueles que os rodeiam.

Mas não é disso que se trata. Muito pelo contrário, se por um lado a cervical se ressente de carregar com o peso do mundo, segundo outra perspetiva, a tensão acumulada espelha não só responsabilidade, mas sabedoria e uma paz interior, tão grande, refletida num olhar terno, ao mesmo tempo que pronto para abraçar o mundo, distante o suficiente para não deixar transparecer a parcela de dor que lhe assola a alma, fruto da perda recente do seu parceiro de uma vida.

Sem egoísmo, sem espaço para introspeção, assumindo as rédeas da vida que herdou, na convição e fé de que, algures, dum outro plano menos denso, recebe as orientações, a luz e o amor que as barreiras físicas não quebram,nem separam.

Caminha, assim, aparentemente forte, ainda que feminina, segura e de alma cheia, cumprindo, na perfeição, o complexo, mas igualmente gratificante papel de mãe, avó e mulher madura e emancipada.

Enquanto ainda há tempo, no tempo que nos está predestinado a viver, urge dizer a uma amiga, que é um exemplo de força e coragem, o quanto a admiramos e ela é importante para o nosso plano evolutivo.

Para a minha amiga e colega Carmen Susana
Maria Fernanda Reis Esteves
53 anos
natural: Setúbal



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