
SER SEM CHEGAR A SER
Data 14/06/2013 16:00:28 | Tópico: Poemas
| Tive bocas abertas de espanto, respirações suspensas Suspiros de alívio e palmas, muitas palmas, num mundo Retumbante de cor, luz e música…
Estudei pormenor a pormenor, acarinhei baba Decepei asas coloridas, antenas, pernas e até cabeças Queimei, para sentir o cheiro acre e venenoso…
Descobri imagens interiores, penetrei em almas Mergulhei em mim e quis cantar a dor mais funda Olhando para dentro do meu espírito…
Reneguei tudo, flutuando no negro, que destaca a palidez E como estava condenada à liberdade, cerrei punhos E desbravei o mato mais inacessível, em furor de seiva
Olhei as pedras, as suas sinuosidades, o tempo das pedras Cavei buscando dramas de outrora, com pá de ferro Olhando os meus dedos terrosos e ferrugentos…
Sem destino, corri mundos em asas de fénix Calcorreei o pó, a lama, entre silvados e flores Desmaiei à beira mar sem saber quem era…
Galopei por todos os sonhos e todos os corpos Mel e bílis, senti fervilhantes na minha boca Painéis de cores gritantes levaram-me ao zénite…
Subi por todas as prateleiras, à procura de luz Regurgitei saberes cobertos de teias e mijo Lutando contra aranhas e ratos…
Agora estou à espera, levem-me devagar Tenho os ossos frágeis, muitas cicatrizes Só quero uma cama de erva fresca para descansar…
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