A VIRADA DO DESTINO

Data 27/06/2013 15:17:55 | Tópico: Crónicas

Um homem culto, de boa aparência e modos finos, enfim... bem-sucedido encontrou o inesperado. Enquanto guiava o seu carro, um louco ao volante lhe foi de encontro; impacto violento de consequências cruéis.
O vitimado tivera várias mulheres e alguns filhos, que não os soube valorizar; o seu alto salário, se transformava em quase nada, diante das subtrações das pensões alimentícias, impostas pelo sistema.
Morava de aluguel, jamais pensou em poupar, ou, em aplicar um pouco do que lhe restava.
As dívidas cresceram, a inadimplência concernente a casa onde morava o levou ao despejo.

Às portas estavam fechadas; o acidente deixou-lhe marcas que impediam a sua contratação; conviveu com a ralé lutou e relutou, para não comer do bocado dos mendigos, a fome o venceu.
Enquanto catava latinhas de refrigerantes para vendê-las, achou restos de comida, na lixeira de um restaurante pegou-a, sentou-se no chão e receoso começou a comer as partes intactas; logo esqueceu que eram restos, avidamente comeu.

Sentiu-se observado olhou a sua frente, um garotinho bem vestido, o olhava admirado parou, por um momento, e olhou profundamente nos olhos do menino. A mãe do garoto logo apareceu, olhou para o homem, friamente,pegou a mão do filho fez a criança entrar no seu carro de luxo, e partiu... Não enxergou a extrema necessidade do homem, que olhando o carro se afastar viu a mãozinha da criança lhe acenando... Chorou amargamente.
Àquela mulher não tinha os olhos de Deus.
O olhar da criança falou mais que muitas palavras... Haveria um momento em sua vida, em que a imagem daquele homem, no mais profundo caos, surgiria em sua memória.

Refeito do difícil momento, o homem falou para si: Não morrerei assim!


EstherRogessi, Crônica: A Virada do destino, Recife, 14/07/13.

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