O resgate de uma vida esquecida- parte 3

Data 01/07/2013 16:38:23 | Tópico: Contos -> Romance

Tudo que acontecia com ela se espelhava em mim, que era o sustentáculo material de toda aquela operação da vida, sabedor sempre fui de que não era o médico, mas muito provavelmente o "bisturi" do cirurgião que, corta a carne e se suja de sangue.
Libertação através do enfrentamento dos próprios medos
Processo de libertação

Com o passar do tempo, que não pode ser medido por padrões humanos, o prisioneiro começou a perceber por ele mesmo, que poderia haver muito mais no "mundo", do que ele conseguia perceber, então o mesmo começou a sentir vontade de conhecer estes lugares e a expandir seus horizontes, surgia ali, naquele momento um "sonho de liberdade", em parte ancorado por sua própria alma, comigo apenas "jogando lenha na fogueira" e fazendo tudo para aquela chama crescer e se manter fortificada.
Então começaram a surgir várias questões inerentes a este ponto momento, o mesmo deveria conhecer ou mesmo reconhecer a corrente que o prendia, sentir cada elo desta corrente, para que o mesmo, aplicasse força sobre estes elos e testá-los sistematicamente para ver qual elo era mais fraco e rompê-lo, ficou evidente que para tal, era necessário que o mesmo, experimentasse os seus medos e diante deles adquirisse a coragem necessária para enfrentá-los, esta era outra tarefa hercúlea que se descortinava diante minha percepção. Internamente reconhecia de que nada adianta libertar um ser de uma prisão física, sem dar ao mesmo o fortalecimento interno para que o mesmo se mantenha livre, ou tivesse meios de o fazer. Fica fácil de entender ao se dizer que, não adianta dar o peixe, pois a fome é diária, deve-se ensinar a pescar.
Então "mexi os pauzinhos" para que o ser se fortalecesse enfrentando seus próprios medos, que o mesmo inclusive ignorava que tinha.
Um elo importantíssimo a considerar neste processo de libertação através do enfrentamento dos próprios medos é a insatisfação, quando ela surge e chega ao seu "clímax", o ser enfrenta o que for necessário, apesar do medo.
O maior exemplo disso nos dias de hoje é o que vemos nas ruas das cidades aqui no Brasil, a insatisfação com os políticos do país, levaram o "povo" para as ruas nas mais diversas manifestações, por melhorias em vários setores dos serviços públicos.
Insatisfeito o prisioneiro começou a investir sua força sobre os elos de sua corrente, mas começou a manifestar medo de praticamente tudo, neste ponto entrei em contato com ele em outra dimensão e de uma certa forma vi qual era o motivo, a razão de seus medos.
Ele o prisioneiro na verdade era ela, um ser feminino, eu segurava a sua mão em outra dimensão e a levava para enfrentar seu maior medo, quando chegamos em determinado trecho do caminho, num local aberto, tipo uma planície, surgiu diante nós uma forma monstruosa e enorme, ela se escondeu atrás de mim e logo em seguida, fugiu desesperada, não quis nem saber do que se tratava, esta atitude de fuga da parte dela, se apresentou em várias outras situações ao longo do processo. Mas não apresentava um momento no tempo, era impossível saber se era algo do passado, presente ou futuro.
Outro detalhe marcante deste processo de libertação ou resgate, era uma fortíssima dualidade, ao mesmo tempo que ela me dava a mão, dando consentimento em um plano da existência, no outro me atirava pedras e fugia o tempo todo, tentando frustrar tudo que estava sendo feito, por um lado tinha um ser que colaborava no processo, apesar de seus medos, por outro lado, o mesmo ser era contra e lutava contra mim, no final das contas um ia vencer, mas naquele momento, trabalhava com a parte que tinha tudo para ser inserida em patamares luminosos da existência, a outra perderia força e se fundiria na luz, a meu ver era todo um trabalho de iluminação, levar luz, a nossos locais escuros.
Tudo que acontecia com ela se espelhava em mim, que era o sustentáculo material de toda aquela operação da vida, sabedor sempre fui de que não era o médico, mas muito provavelmente o "bisturi" do cirurgião que, corta a carne e se suja de sangue.


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