juízo final

Data 02/07/2013 11:38:08 | Tópico: Poemas



tinha um osso na garganta, um prego na sola
do sapato sem salto.
usava dois martelos sem unhas,
quando esquentou a cabeça
para resolver a equação:
sistema linear, integral indefinida

foi atrapalhado, prejudicado pelo golpe
de pedaço de granito no joelho
impedido de resolver logaritmos
com tacos de golfe num campo de futebol.

mas continuava buscando o perfil da alma,
ciente que há momento em que a cabeça
mais parece uma beterraba sem sal.

como serpentes subterrâneas, rastejando
continuou na busca inútil
eczemas ruminantes
rastejavam nos corpos podres
dos soldados habitantes da folha de papel.

sem mais perspectivas, era indiferente
ao pôr do sol ou nascer do sol
observando engolidores de espadas
lerem os classificados nos jornais.

vida purulenta não resistiu à explosão
assustadoras cinzas cobriram o cemitério
contaminaram hospitais até a explosão fatal:
juízo final



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=250932