O MEDO É O MESMO

Data 02/07/2013 14:44:53 | Tópico: Artigos

Que chuva terrível a de ontem a noite!
Vínhamos pela estrada caminhando, de volta para casa, eu e minha filha, Catarina.
Os relâmpagos rasgavam o céu.
Medo: Pois estávamos encharcadas da cabeça aos pés.
As roupas grudadas em nossos corpos.
Não havia ruído dos trovões, estranhamente...
Apenas os raios cortando o breu da noite.
Dilacerando o ar...

A água subia na rodovia...
Já não ligávamos mais para isso, era inevitável.
O que me sustentava era a oração que repetia:
Pedindo à Deus que nos levasse ilesas para casa.
Catarina sempre tão forte quanto a essas coisas, mostrou-se apavorada dessa vez.
Houve um apagão, piorando as coisas.
Já não víamos nada.
Seguíamos guiadas apenas pela estrada que continuava em nossa frente.
Momentos ruins assim, passei anos e anos antes, com meus dois outros filhos: Felipe e Izabel.
Curiosamente, no mesmo horário.
Repetiu-se toda a história:
A tempestade, os raios e o apagão foram os mesmos, a única diferença foi que anos atrás, havia o barulho ensurdecedor dos trovões...

Posso dizer então que passo vez ou outra, por situações repetidas, mesmo que anos as distanciem.
O círculo da vida.
O medo é o mesmo.

Fátima Abreu


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=250952