O homem, esse meta poema ((Dedicado ao cara que mais odeia meta poemas: Fotograma/Ricardo)

Data 03/07/2013 14:04:28 | Tópico: Poemas

O homem, esse meta poema





Este poema desfila
Na passarela dos teus olhos,
Vestindo a indumentária
Do teu entendimento.
Ou, se for o caso, andando nu
Em tua máxima interpretação.

Tu, que lês e encaixas essa carapuça,
És o estilista dessa confecção,
Etiqueta de burguês, se quiseres, ou não.

Nenhum poema fala de si mesmo,
Não sejas tolo,
Não existe meta poema,
Só o autor travestido de palavras
Querendo dizer do outro,
Mas tragicamente
Vertendo seu sangue e sua alma.

E se o poema te encanta ou não,
Fala também de ti
E não raras vezes , bem mais
Do que aquele que o construiu.

O poema nos encarna,
Nos devolve a nós mesmos,
Autor e leitor,
Enredados nessa equação literária,
Seduzidos diante desse espelho,
Feios narcisos,
Contemplando nossas próprias mazelas.

E quando disseres que não gosta,
Já perdeste a aposta.
O que fizeste tu de errado
E que trauma te faculta o equívoco
Para não dizeres, limpo e feliz,
Eis-me aqui,
Sou eu também um poema vivo,
Um meta poema em carne e osso?!






Milton Filho/27.06.13



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