“nullo modo”

Data 05/07/2013 10:30:35 | Tópico: Poemas


" ...O passo, que por Deus foi permitido.
“Aqui me espera e o ânimo prostrado
Fortalece e alimenta de esperança:
Não hás de ser no inferno abandonado”..."
Divina Comédia - Inferno- Canto VIII ver. 105/108





Um dia, a luz laranja tremeluzente do último sol poente,
irá fulgir e desaparecer. Então, solertes, as almas se elevarão
e caminharão como sonâmbulo nos jardins da chama demente,
recantos já abandonados recendendo a enxofre e alcatrão .

O universo todo agora não existe mais, nada, nem anjos, nem
os pássaros gorjeiam. Sombras se arrastam carregando velas
Melancolicamente lamentando a dor em meio às trevas eles vêm.
Na imaginação, ouvir as vozes podem, mas não existem estrelas.

Entre a poeira da terra séptica sem suspiros há de simpatia,
almas algumas ainda podem ter alguma esperança. Ninguém sabia
se era possível conter a celebração das sombras indomadas.

Então, cai a chuva fina mais uma vez. torna-se sujo de lama,
no fundo dos pântanos, fria, escorregadia.apagada a chama
ninguém poderá escolher entre o inferno e o paraíso desoladas




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