O Preço da Mentira
Data 19/07/2013 04:05:05 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Vejo os sorrisos vagos, O gesto próprio dos fracos, Enquanto murmuram que a guerra acabou.
Ouço a tremura na voz, Enquanto conversam a sós, E desfrutam do pão que o Diabo amassou.
Enumero mentira por mentira, Nas falas mansas do dia a dia E nos olhares vestidos de cobardia Daqueles que pensam tudo menos o que dizem.
Conto pecado a pecado, Enquanto se esvaziam os pratos E se quebram os votos de honestidade Como sendo a verdade heresia.
A guerra não acabou! Não é finita, como se anuncia! Grassa nas mentalidades, Alimenta-se das falsidades Que desde o almoço à liturgia, Celebram a pequenez da humanidade!
A verdade, a verdade! Coisa maldita que tantos invocam! Poucos saberão o que ela implica, Na sua rotineira insabedoria E na ignorância que os abençoa A cada gargalhada estridente!
"Ha! Ha! Ha!" - Detritos de gente! Que se reclude em casas sem tecto, Pensamentos sem nexo, E escondem a carapaça Com a cabeça a descoberto!
Mas quem está certo? Quem é juiz? Os honestos trabalhadores, A vizinha Maria das dores, Ou a mera meretriz? Quem protege a veracidade De cada palavra que diz?
Num mundo em que as sombras são a luz, A noite é maior que o dia, E a existência é uma freguesia Sem moradores de permanente estadia, Qual a ponte entre o real e a utopia? Qual o elo entre a verdade e a vida?
Oh, que me tirem daqui! Protejam-me de mim! Pois tudo isto digo em vão, Num esforço para alcançar o vento E calar esta inquietação. Velhinho, velhinho. Publicado.
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