
depois
Data 21/07/2013 14:49:21 | Tópico: Poemas
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Eis-me perto de ti, somos artefatos
embriagados por um reles vinho tinto tragado, numa taberna escura, algures nesse tempo interminável, sem regressos, sem esquecimentos, apenas o som de um piano, apenas as sombras que se movimentavam, perdidas,
e depois,
o cheiro da maresia que se misturava, o mar quebrava amuradas, as sombras escondiam-se pelos cantos, o silêncio deixava de existir
pelos corpos que se roçavam, disputavam cada poro.
Repudiava-se o tempo perdido do vómito inundando o olhar, quão anjo quanto inverno teimando em ficar,
renunciava-se à alvorada longínqua que se entranhava pela noite sem permissão,
e depois,
a tatuagem eternizava-se, qual cor negra dos cavalos frísios,
tanto o mar que quebrava amuradas,
em apoteose.
Eis-nos extasiados pelas longitudes daquelas madrugadas em que ficávamos olhando o suave espreguiçar das orquídeas em flor. Apenas.
(Ricardo Pocinho)
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