A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte XXXIV)

Data 18/02/2017 12:41:52 | Tópico: Prosas Poéticas

Olho para ti e faço-me deslizar nos contornos do corpo, pela minha mão levo o aparo da caneta a desenhar letras aleatórias numa virgem folha de papiro que solto ao vento onde também te libertas, voando por esse mundo de loucuras e de coisas novas, nas rugas de um velho marinheiro que galga os sete mares ao som dos gritos estridentes das harpias, umas que roubei aos gastos alfarrábios da mitologia. Cada teu olhar é um verso que me rima o pensamento por vezes sóbrio e que se partilha em terras distantes com os teus desejos.
Agora ladram os cães. Já não há horizontes ou fronteiras, as roseiras perdem o cheiro e a vontade humana deixa de ser apenas carnal, nasce o sentimento e a vontade de viver o mundo como em tempos fora sonhado, somos gente! A palavra não se gasta, é dita e respeitada quando se ouve o barulho das ondas a chegar à costa, tudo tem significado, até mesmo a poesia.
As nuvens desenham-se no fundo azul de um desconhecido infinito, a lua apadrinha as estrelas que insistem no seu brilho e a chuva, quando cai, liberta aromas que incentivam ao sexo feito amor.
Tu fazes de mim tua metade, fazes de nós tanto verso. És a descoberta de um novo pedaço de terra que se extingue neste mar que nos abraça, dança e se passeia pelo meu corpo cada vez que me segredas uma nova palavra, um velho desejo, o eterno querer ou teu simples poema.
Eu serei o teu escritor, onde farei de ti minha princesa a cada pedaço de outro amanhã, prometida valsa que nos faz um só.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=252793