
Sobre a morte, a hipocrisia, essas coisas tão minhas. #.#.#
Data 25/08/2013 18:12:05 | Tópico: Poemas
| A fina e rara flor da hipocrisia
Pode alguém amar as letras Ao tempo em que estupra essa semântica, Ou forja a espada para calar na garganta O sagrado grito de liberdade? Cúmulo da contradição.
Não existe aí o pior e mais nefasto da hipocrisia, Cravar punhais às costas de um amigo? Assim me comparo.
O nobre das letras faz-se terno, Compõe as mãos em concha E dá de beber àquele que muito tem sede. E isto com aquela delicadeza De quem carrega nos braços o próprio coração.
O mais triste é o ser hipócrita sozinho. Eu, o hipócrita solitário desse belo mundo, Tão cheio de pessoas autênticas e originais.
Eu, um reles poeta decadente e hipócrita, Um arremedo de escritor mais amante da hipocrisia. Sim, eu, somente eu, que não mereço nada, Senão o teu olhar espúrio de indiferença.
Porque ninguém se reconhece hipócrita, Porque todos são perfeitos e bem acabados, Porque todos sabem que Somente eu, “euzinho” aqui, sou o hipócrita.
Milton Filho/03.08.13
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A visita da senhora morte
Não há mais nada a dizer. Tudo já foi dito, Neste breve aperto de mão.
Boa noite, senhora, como vai? Esta foice é para fazer fita, Ou vai mesmo cortar meu pescoço?
Se for possível seja lenta, sem dor, Assim posso me despedir dos amigos E mandar o resto tomar no cu.
MF.03.08.13
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Morte
Todos os dias me pede em namoro E todos os dias não resisto e morro, E torno a viver esse resto, essa migalha. O teu beijo, eu sei, será roubado; um latrocínio.
Olha, já começo a avaliar tua proposta, Ando já muito cansado dos canalhas!
Milton Filho/15.08.13
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