
tudo toma a forma do silêncio
Data 04/09/2013 20:03:29 | Tópico: Poemas
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Das palavras sei-as, quando se incrustam pelas folhas de papel que espalho nos caminhos, pelas ruas e telhados, revendo o musgo por vezes distante,
saberei dos traços e de riscos deixados pela tela pregada numa parede esconsa, saboreando a noite como uma fuga,
pela fúria do tempo a passar, sem querer saber se se esconde, ou apenas grita.
[Será o que nos faz estender a mão pelos vazios, sentindo apenas o vento norte, o orvalho a rorejar como um rugido amorfo,
sem o murmúrio que foge pelos dedos antes entrelaçados?]
Saberás procurar o lugar, o canto coberto pelo sol aguardando o arco-íris depois das chuvas algures,
sentir-te-ei enfim, sentir-me-ei asfixiado por um arnês de mar, em constante alvoroço pela manhã.
Deixamos apenas o olhar fixo, num mirante distante, o peito rasgado pelo poema sem entendimento, nos arrepios saindo de nós, escondidos,
e quando se escurecem os cavalos do vento, tudo toma a forma do silêncio,
que não pertence a mais ninguém.
Liberta o meu lugar a mar quando saíres.
(Ricardo Pocinho)
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