Cravos de chumbo

Data 05/09/2013 15:26:44 | Tópico: Poemas



Passo, apressadamente os homens colam panfletos,
os rostos vão-se erguendo engomados,
a tômbola gira desconfiada, viciada, as pontes
continuam a morrer de pé como os despojados
que abrigam a fome nas fileiras do desespero

Passo onde Abril foi voz, lágrimas, liberdade
um cravo plantado à beira mar, um canto
“que já não sabia a idade”.

Um canto que já não sabe a igualdade,
o povo já não ordena, nem dentro
nem fora da cidade,
passo, elevo o punho ao vento,
e semeio em cada esquina um
cravo, que “jurei ter por companheiro”.

Conceição Bernardino



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