As palavras, em três estágios: silêncio, riscos, poema.

Data 10/09/2013 22:49:37 | Tópico: Poemas

Nasce-me um silêncio, depois das chuvas.
Percorre-me primeiro os ecos, outras fendas
Que deixei acesas, de anteriores rasgares.

Sobe-me à garganta, herói de águas turvas
E julga-se no direito de desobstruir sendas,
De trair na minha boca os meus íntimos quasares.

E faz-se risco, a luz rúbida que se perde em curvas,
Em ângulos, em arabescos, em cachões, em lendas,
Em ímpetos de loucura e fertilidade de vagares...

Um risco... e o dizer é soco revestido a luvas,
E o rascunho é cego, sem margens ou emendas,
E a palavra é rio, em excesso indómito de aguares.

A foz. E o sentir são bagos de improváveis uvas,
O chegar é praia, versejada em rendas,
O poema parte, arrasta oceanos por todos os mares...




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