moaxaha das lágrimas impudicas

Data 11/09/2013 12:16:43 | Tópico: Poemas


"... Sequer ouviste. palavras perderam-se, soaram devedoras,
não ouviu ninguém, petulante, admito: sei que não choras..."

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moaxaha das lágrimas impudicas




Impudico, confesso: eu chorei. Bem sei que não choras,
desesperado, palavras clamei, não foram comovedoras.

Conspurcado pelo amargor, as lágrimas caíram pelo rosto
trazendo, de melancolia, tristeza e solidão, amargo gosto,
acompanharam o pranto, desavergonhado e tão exposto.
Sequer ouviste! Palavras perderam-se, soaram devedoras,
não ouviu ninguém, petulante, admito: sei que não choras.

Indócil, sob céus calados, o brado sonante infindo troava,
distante, fugaz, se logravas ouvir minha a voz, ignoravas.
Todos então teriam que saber que minha alma lamentava;
agora, bem sei que todas foram em vão, mas sonhadoras,
por aquele amor, derramei lágrimas sentidas, desoladoras.

O que nessa arrogância tão difícil, maldosa tu arquitetas,
cruel,tão repleta de caprichos, excedes, não te aquietas:
estarias realmente cansada, ou hesitas ambígua e secreta?
Não descansei, gritei aos ventos palavras avassaladoras,
em vão, não ouvistes, não me ouviu ninguém àquelas horas.






Citação:
Tantos esparsos vi profusamente
Pelo caminho que, a chorar, trilhava!
Tantos havia, tantos! E eu passava
Por todos eles frio e indiferente...

Enfim! enfim! pude com a mão tremente
Achar na treva aquele que buscava...
Por que fugias, quando eu te chamava,
Cego e triste, tateando, ansiosamente?

Olavo Bilac - Via-Láctea







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