A JORNADA!

Data 28/12/2007 16:24:12 | Tópico: Poemas -> Tristeza

Perdido na noite impura
Sem itinerário definido,
Vagueia a rota criatura
Paria da vida... Desiludo!

Têm calçadas por passarela,
Latões de lixo como baliza.
Portais/camarotes, seqüela!
Pôr aplausos, apenas a brisa!

A cada esquina vencida
Arqueiam os seus ombros,
Os pés vacilam na subida
Ao fugir dos escombros.

Para ante o neón.... Absorto!
Igual uma mariposa vencida.
Nas casas, o máximo conforto,
Nele... Um arremedo de vida!

Encosta-se na parede quente,
Nádegas no piso úmido/gelado:
Sauna funesta e inclemente
A dizimar o âmago do coitado.

Somos de deus o retrato
Com reflexo... Positivo!
O homem, em voragem,
Faz do mísero... Negativo!

Sofre a carne do abandonado
Dilacerada na escada da vida,
Chegando ao patamar arrasado
Pêlos percalços da vã subida!

Porém, esgotada a natureza
Da vil matéria lhe doada,
O espírito reluz com realeza
Liberto da casca da jornada.

O afortunado da matéria
Terá dívida... Acumulada,
Por dizimar a miséria
Sobre irmão de jornada!

(aa.)S/A/BARACHO.
conanbaracho@uol.com.br


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=25530