
Reerguer-se do Oculto
Data 15/09/2013 23:28:05 | Tópico: Poemas
| Vulgo de si mesmo, reles, os pensamentos De que se abdicou por estar sofrendo. A flâmula que queima, o lado esquerdo do seio E desce a vertente, a face que então; Horrendo... Se então labutar, e com os lábios ofegar Esparramar-se-á, em que de ti há de ansiar.
Padece aquele homem, tão pérfido, seu coração... Que avalassa os rumores, de tamanha indecisão; Qual lhe quebram os ossos, a teia, tendenciosa A pele que escameia a face, da casca escabiosa. Tinha por porfia, encerrado na prisão A alma soterrada, estupefata admiração.
Solene, a tua voz, soava em alarido mudo Sobre o sol das incertezas, lacrimeja o moribundo. Sobre a haste, a fincada carne, dissipada desfalece Ao jorrar o sangue quente, que no seu ventre humedece. Tosco é a saudade, que vareia os teus rumores Promíscuo da maldade, repentino como as dores.
Bem cedo tomou a tua cama, e forjou desfalecer As vestes que de ti profana, qual jurou esmaecer. Quantos goles de sol, enjoou na sua garganta Quantos salmos decifrou, decorou na sua mantra. Profundo é o abismo, raso dos teus lábios Fruto de ti, absurdo; eloquentes em escassos.
Dentre os mortais, reanimou o teu temor Sobre a ume, enterrou um segredo; pobre caluniador... Viestes a este, em tom de desespero Calastes a fim, o vitupério exacerbado dos teus erros; Meândrico; aqueles olhos, um pasmo... Obsoleto; até os ossos enterrados.
Descobriu-se, de intempestivos cuidados Ainda tarde para um ato tão covarde. Na derrocada sincera da sua lágrima Encontrou abrigo na saliva salgada... Teus olhos rútilos absorvem um veneno Suave como a morte, de um brado tênue.
Soluça a dor em seu travesseiro Tão aquieta mágoa que sentiu primeiro. Tragou a boca o sangue que te fez provar Lâmina da faca cega, lúgubre desejar; Quem dera bebesse o sol e vomitasse o vinho Na volúpia demente do seu quase desatino.
Um vulto se desprega ao chão, parece fugir Pela fresta tangente, de modo a lhe possuir... Lasciva, e ao mesmo tempo prepotente Frígida, maleável, levemente transparente. Rogas no calvário, delinquentes pecados Por causa dos teus atos, heris obcecados.
A pelugem estapafúrdia cobria-lhe o queixo Tamanha a ruptura guardada do desleixo. Maltrapilho vagava, mendigava o pão Rouquejava a sua lábia, por voraz aptidão. Não é a roupa mais que o homem Nem o leito mais que o chão?
Mas; nem mesmo na morte um homem está sozinho Ao turvar os olhos, murmurar o seu sorriso... Fundo é a cisterna em que se afoga imundo Da vida a saudade que te torna inútil; Sutura os lábios razoável, latejados maldizentes Reergue-se do oculto, admirável e reluzente.
de 2013,Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli Bela Cintra, SP Julho no dia 15.
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