
O eterno Deus Mu dança
Data 19/09/2013 18:25:48 | Tópico: Poemas
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A música virou hospedeira. Quando o batuque retumba no ar por amperagem ou por mãos ágeis de tocadores, o corpo vira aparelho, cavalo para a música cavalgar.
Na cacunda, o samba de calunga e a chula na ponta do pé.
Olha saia rendada, florida, daquela música ou daquela musa que a música cavalga.
A música encorpora. De dentro da pele da morena, desafia a gafieira.
A música é a voz dos deuses, onde a linguagem não chega. Obra prima da humanidade.
O coco, o maracatu, o boi, o reisado. De catimbó em catimbó o baque solto vira uma estrela brilhante.
Eu derreto ao som de um jazz pedindo agô a um jongo e São Benedito pedindo para a crioula girar para o tambor.
Não sei se a nêga dança para o santo ou se o santo dança com ela.
A música dá umbigadas na roda de samba de rua da vila.
Samba de lua da vida.
A morena catiça seu feitiço ao redor de mim e faz- me querê-la em outra dança, mais íntima.
A música é essa possessão vibracional. Eu danço. Mu dança.
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