Ao espelho

Data 02/01/2008 16:45:20 | Tópico: Prosas Poéticas

Porque nasceste se não foste desejada? Ninguém te queria, ninguém te esperava... Todos os lugares na mesa já estavam reservados e todos os quartos ocupados. Mesmo assim, teimosa, insististe em vir e ficar.
Cresceste demasiado calada. E estranha... sempre tão estranha... Sempre tão à parte dos outros, escondida atrás dos livros e dos sonhos.
Sonhavas ser a Cinderela e, como ela, esperavas um príncipe que te salvasse e te levasse para o Paraíso, onde a felicidade reinaria à tua volta, onde serias o sol do teu amor. Mas o príncipe chegou sem o seu cavalo mágico e levou-te ao Inferno e às trevas, à noite e ao silêncio… E o amor ficou solitário, num canto secreto, onde nunca será encontrado.
Perdeste o sorriso, e aprendeste a fingir. Respiras sem querer e vives sem vontade.
Quando te vejo nesse espelho, a olhar-me com esses olhos rasos de lágrimas, apetece-me espancar-te mais uma vez!
Não sabes o quanto te odeio! Não sabes como me apetece fingir que não existes…
Faz-me um favor e mata-te finalmente! Desaparece da minha vida e deixa-me viver!


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