O fumo que formou corpo fingido (Lope de Vega)

Data 12/10/2013 11:13:22 | Tópico: Sonetos



O fumo que formou corpo fingido
que por mais denso, mais repousa em nada;
o vento que passou com força alada
sem poder pela rede ser colhido;

o pó nas regiões desvanecido
de uma primeira nuvem dilatada;
a sombra, a forma ao corpo apartada;
que abdicou de ser tendo partido,

são palavras de mulher. Sobrevinda
novidade qualquer, o assombro é tanto
que lealdade, amor ou fé se findam.

É só mudança, o nome, desencanto,
pois quanto mais segura, quem aprende
tem sombra, fumo, nada, pó e vento.
Lope de Vega (1562-1635), poeta e novelista espanhol. Traduzido por Leonor Scliar-Cabral.





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