
A ÚLTIMA POESIA DA CEGA
Data 15/10/2013 14:32:49 | Tópico: Poemas
| . A ÚLTIMA POESIA DA CEGA
Tenho a ligeira impressão que este país está morto e à direita de deus paes todo poderoso.
Coisas grandiosas encolhem o meu caminho e eu já nem consigo conjugar todos os verbos que cabem nesta luta.
Ontem ( e não apenas ontem) chorei com as minhas mãos vazias de doçura cobrindo o meu rosto e a minha vergonha.
E eu que nunca conheci nada, descaminho porque erro com vontade e ousadia.
Creio que depois de nós, todas as vozes serão uma única voz.
Mas existem muitas conjunções em minha frente, muitos nomes próprios desclassificando os objetos.
Nunca soube muito bem como ser sujeito de alguma história. Nunca fui dada as grandes comemorações. Quanto as lutas, sempre as travei com fé e visão de futuro.
A de hoje, morre um milhão de mortes e eu não sei quantas vidas ainda tenho ou se blefo mais uma vez.
De tudo isso, resta-me algo que não ouso nomear porque me dói entender.
E enquanto, escrevo o indescritível, algo agoniza ao meu redor e eu me sinto bem menor, bem mais coisa.
Nunca mais o chão será o mesmo ou o estrondo terá diferente cheiro. Nunca mais minha pátria será onde meu corpo habita.
Minha cidadania de agora em diante terá apenas um único nome: Poesia.
Karla Bardanza
Para as minhas companheiras e companheiros de luta.Amo a minha profissão.
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