Poema Ocioso

Data 02/01/2008 19:21:41 | Tópico: Poemas

Nossos fantasmas apodreceram.

Há séculos estamos aqui,

na mesma mesa de bar,

procurando o desfecho desta balada

- a mais inútil e bela de todas que fizemos.


Nenhum milagre programado.

As notícias do dia seguinte cochilam no balcão.

As amadas desaparecem do mapa,

não deixam endereço, mas mandam dizer

que vão suicidar-se no próximo ano.

Um bêbado pede licença.

Ergue o copo - e, em nossa homenagem, tira

uma porção de estrelas do umbigo.

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júlio, in A Mímica do Vento (Edigrax, São Paulo, 1990)


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