COMTEMPLAÇÃO E FASCINIO
Data 03/01/2008 02:09:03 | Tópico: Poemas -> Saudade
| CONTEMPLAÇÃO E FASCÍNIO
Parece que nasci desconfiado: É um meio eficaz de autodefesa. Retrocedendo uns anos ao passado, Pretendo analisar-me, com frieza.
Já despontara em mim a juventude: Nos sonhos, a razão do meu viver. Respira o coração, feliz, saúde: Só manda, bem ou mal, o meu querer.
Sendo homem, desejava a companheira Doce, que a minha vida completasse. Sonhava-a mais que linda: verdadeira E terna: os meus carinhos partilhasse…
Para mim próprio fui grande surpresa, Dado que sou bastante reservado; Muito depressa a tua gentileza Me cativou, deixando-me gelado…
Julguei-te inacessível ao amor; Porém tua presença me agradava. Eras um gelo doce e encantador, Que pensei repelir-me e… fascinava…
Foi curta a convivência que tivemos. Naquele lar, que a muitos hospedou. Contudo bons amigos nos fizemos, Elo que aos poucos solidificou.
Cingia-me de paz a tua calma; Quase pisas o chão suavemente… Vivia ao pé de ti, num estado de alma, Como em adoração dum ser ausente…
Privei-me de ir além duma amizade Que te envolvia, cheia de ternura! Parti; ficaste, ainda; que saudade Sinto, ao dizer-te adeus, naquela altura!
Por mim passavas, como terna aragem: Bela flor, que jamais sonhei colher! Conservei-me à distância duma imagem Que deslumbra e transcende o meu querer…
Perguntava a mim mesmo, ingenuamente: .que pensará de mim esta pequena? Conheceu-me tão pouco e… certamente Nada sou, para ela; e tenho pena!
Ausentei-me, sem nunca te esquecer, E consegui a tua direcção. Não haveria mal em te escrever… Menor seria a minha solidão…
Mais amigos ficámos nesta ausência; Agora nem pareces tão distante! Vou-me abrindo em alguma confidência; Cada vez belas, menos hesitante.
Ouves-me sempre, muito atenciosa; Já não fujo ao prazer de te falar! Acabarias sendo preciosa: Agora bem me irias ajudar…
Apareces-me então toda prestável: Vejo-te inteiramente ao meu dispor. De há muito tempo te sabia amável: Só tenho a gratidão, como penhor!
Tempos sem fim ficámos sem saber Dos nossos paradeiros; mas… um dia, Telefonei-te; logo oiço dizer: -Olá, Chico! Estás cá? Lembras-te? Eu, ria…
Ouvir a tua voz; oh, que saudade! Estávamos tão longe, infelizmente! Que grande emoção tive, na verdade Nem sempre é bom dizer-se o que se sente!
A nossa intimidade hoje é maior: Vibrei ao ler a tua confissão! Como tantas, sofreste, por amor! Que surpresa; és mulher! Tens coração!
E continuas livre, como as aves; Talvez com penas; nada se adivinha! Se existem, oxalá não sejam graves! Querida: porque vives tão sozinha?!
Os sentimentos que me despertaste, Talvez aqui não tenham descrição! Juro-te: desde há muito conquistaste Um lugar firme no meu coração!
|
|