
De novo na livraria (com a mesma moça de coxas imensas) #.#.#
Data 13/11/2013 16:57:47 | Tópico: Poemas
| . .
De novo na livraria (Com a mesma moça de coxas imensas)
Novamente numa livraria, leio livros de poemas, Intimidades de estranhos, como um voyeur comunitário. E logo à minha frente, uma moça, Confortavelmente sentada numa poltrona, Pernas grossas, levemente abertas.
Ela mostrava um outro tipo de intimidade, Digamos, mais visceral e menos literária.
Em silêncio e distraidamente, Ela me dizia, que tudo é poesia, mas que ninguém podia Ouvir, sentir ou perceber, Embora aquelas coxas declamassem em tom muito grave.
Mas a poesia feita de carne, cotidiana, volátil, Curta, Esta que captamos naquele momento fugidio, Flagrado em nossas retinas dilatadas, Estas não serão editadas em livros Ou plasmadas em qualquer tipo de conduto.
Não ganharão um prêmio Nobel e, No entanto, apesar da abundância criativa, Da beleza sutil ou escancarada, Como as pernas daquela gentil moça, Apesar disso tudo ou, talvez, por isso mesmo, Quase ninguém se dá ao prazeroso trabalho de ler, Quase ninguém nota sua exuberância quase pornográfica.
A moça, agora, cruzou as pernas E eu, finalmente, posso voltar à paz dos poemas impressos, Minha pobre, obsoleta e insossa leitura.
Milton Filho/12.11.13
.
|
|