,pudesse eu guardar silêncios teus sem despedaçar o barco contra promontórios

Data 14/11/2013 17:34:01 | Tópico: Poemas

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,dá-me da nudez dos teus lábios onde fechas os silêncios,

palavras um dia pensadas que ainda pululam por entre as nuvens que apontas,

imortais,
mas,

quase esquecidas.

Fragmentos deste vento alísio que se esconde

contorcendo-se em cansaços, rodopiando,
e perco-me,

morrendo-me mais um pouco pelos outonos que se levantam da terra em queixumes lentos,
pelos lados do salso reino,

sabes como gosto do mar empurrado pela noite despida de luar.

Tormentas infindas, que se estatelam por essa indesmedida medida de sonhos,
algumas que te acordam os olhos,
outras que te animam a voar como uma ave migradora sem ramo para poisar,
sem céu para descansar,

e esqueço-me do sabor das amoras bravas por essas margens que a minha mão já não alcança.

,pudesse eu guardar silêncios teus sem despedaçar o barco contra os promontórios desses amanhãs murmurados por entre mastros empedernidos,

porque o calor do sol já os não aquece.

Imensidões,
[nesta imensidão que o meu olhar esqueceu],

e,
pedir-me-ás sempre um pouco mais,

e eu,

sempre um pouco mais além de mim.

Mais mar, mais vazio.



(Ricardo Pocinho)



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