
Confessionário
Data 22/11/2013 12:39:21 | Tópico: Poemas -> Amor
| Não obtendo qualquer resposta, Mesmo assim eu desabafei, A minha vida oficialmente exposta, Sr.Padre perdoe-me pois pequei, Sim, estou aqui para me confessar, Quero que a verdade se descubra, Diga-me se há forma de voltar atrás para um tempo que me encubra E me tire de cima este peso morto, Costa a costa como um marinheiro, Eu tenho uma em cada porto, Mas nenhuma me tem por inteiro, Oxalá fosse por dinheiro, Assim eu nunca seria infiel, Descobriria o amor verdadeiro, Não tiraria mais o meu anel, Cada vez que alguma me chama, Tenho estas mentiras na minha cabeça, E estas mulheres na minha cama, Só fazem com que já não me conheça, Eu não sei o que se passa comigo, Tenho medo que ela me esqueça, Que o dia se torne meu inimigo cada vez que ele escureça, Não era ela a razão das minhas pressas, Como será a dor que ela vai sentir? Quando souber que as promessas que eu fiz afinal estava a mentir, Quando a saudade lhe apertar porque eu não estou em casa, Quando ela descobrir que só vou tolerar atrasos quando alguma delas se atrasa, Eu não tenho paciência nas compras para a nossa assembleia, Eu, cada uma delas, as nossas sombras projectadas pela Lua Cheia, E quando a más horas eu chegava, Ela recebia-me sempre a sorrir, Mesmo não imaginando onde eu andava, Os seus sonhos continuava a colorir, Falha no método contraceptivo, Porque o imaturo sempre fui eu, Desconhecia o teste positivo, E que ela esperava um filho meu, Tão surpreso que não acreditava, Do outro lado alguém chorava com a confissão, Foi quando descobri que o padre não estava e tu ouviste tudo em primeira-mão, As palavras custam-me a conjugar, Sinto-me completamente perdido, Desesperado digo que vou para qualquer lugar desde que seja contigo, Como Houdini num truque ilusório, Eu meto todos os ases em cima da mesa, E mostro-te como é bem notório o amor que me trazes com a tua beleza, E a importância de cada peça, Instantes depois o 112 recebe uma chamada: "Mandem uma ambulância depressa!! Ela está no chão desmaiada," Perguntaram-me quem estava envolvido, Fraco, disse que a vítima era eu, Num minuto vi o meu sonho perdido quando nos meus braços ela morreu, O principal suspeito o seu desejo, Encontraram as minhas impressões digitais, Eu ainda consegui um último beijo, E aí perdi o mais belo dos cristais.
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