 
  
    	"A VIAGEM" de Ricardo Louro
    	Data 25/11/2013 16:53:12 | Tópico: Poemas
 
  |  De nada me acusa a memória! Memória de Si-esquecida! Porque passei rápido pelas gentes, como surdo e cego - perdido ... Vivi ausente, em paralelo, nostálgico, longe da Alma - vencido ... Percorri todo o mundo conhecido: palcos e cenas - estações... Subi, sulcando montanhas, caí vencido em abismos, sempre contemplando o amanhecer ...
  Mergulhei no silêncio dos lagos, decifrei em mim as negras nuvens e toquei no intimo do meu Ser! Servi-me do Tempo reconstruindo o Passado. Criei-me, recriei-me e tornei-me a criar ao sabor do vento - sem tino! Ergui o Presente, tracei o Futuro, criei novas linhas nas mãos - - e dei-as ao destino ...
  Agora, centrado e imóvel, sinto Luz, o que me surpreende! Porque vejo nos outros os olhos que me espelham, as bocas de quem me Ama...
  E Eu quero amar-te! A ti! Sobretudo a Ti ...
  Escuto as musicas que me prolongam, os sons que me definem ... A solidão não destruiu em mim a inocência nem o sonho da melodia! E as notas soam ... Mergulhei no abismo e sai de novo, com as asas limpas - definido ... O Coração que escondi - perdido, cresceu a monte, em segredo - ungido!
  Todo o solo fértil é escuro porque está de Deus munido... - e Eu sou Esse Solo -
  Chegou em mim o momento sabido, esperado, do Tempo abolido ... Envolto em mistério e desconhecido, potencial no vazio, tão cheio de estio ... Despido d'imagem, rasgado de memória, liberto do cenário, passo Véus  q'inda me dividem e separam.  Porque eu sou Ricardo! Infinito! E não acabo ...
  Meu amado ... meu Amado ...
 
 
  Ricardo Louro
  - no Café a Brasileira, no Chiado, em Lisboa -
  |  
  |