, saberei sempre voltar a colher conchas, uma ou outra estrela do mar

Data 27/11/2013 17:31:44 | Tópico: Poemas

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,desassossegas-me quando a perfeição desse teu voo roça o mar que me envolve.
[, afinal, o que sentes agora?],

,é sempre a maré nestas coisas dos homens,
mesmo a mais silenciosa,

e,
nestas vidas de procelas imparáveis,
olhares ultrapassam a linha do horizonte.

,a cada regresso aumenta a distância entre as margens estanques,
universos que se espraiam além do apogeu de inverno,
,quando me descanso do outro que me habita,
[tantos outros],
regressam ecos, alguns fantasmas, alguma morte derradeira,

o que procuras pelas memórias já tão gastas?
perguntar-me-ias por entre cirros
que tapam a sombra da oliveira.

,saberei sempre voltar a colher conchas, uma ou outra estrela do mar
pelas areias desertas,
escondendo os passos em volta,

mais um crepúsculo que se esgota,
sorrateiro, silencioso,

e,

Mesmo que a viagem prossiga depois,
Ou,
Que a matina se esconda pelas ondas gigantes,
Digo-te;

O silêncio que me habita ainda está acordado
Por estes temporais por onde me perco.

Mais que esta maré.
Mais que o além mar.


(Ricardo Pocinho)


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