Fome das palavras

Data 10/12/2013 17:40:08 | Tópico: Poemas

Tenho fome das palavras
Mas não delas já escritas
Enquadradas em tercenas benditas

Não! quero-as ainda a ferver
Imaturas, sem ritmo…sem o seu poder
Que as obriga o ato simples de escrever

O peso que tem cada uma delas
Contido em métricas constantes
Emparelhadas ou dissonantes

Apenas embala a minha caneta
Que em sincronismos de cinco dois três
Cria mundos e sonhos de uma só vez

Ás vezes não sei como optar
Se será bom sempre rimar
Ou seria bom por vezes prosar

Mas não sou eu quem mando
Apenas obedeço ao seu comando
Aguardando o seu sinal, ansiando

Escravo voluntário até desfalecer
Cingido ao papel, fadado a escrever
Sem puder parar, ou sem o querer

E os sonetos que agora imagino
Talhados em brocados de ouro fino
Falam novamente delas e eu desatino

Saciei a fome das palavras
Mas não a vontade de escrever
Colocá-las em linhas, o prazer de as ver

O seu andamento galopante
Que ilumina o livro mais errante
Que contextualiza o mais importante

Mas uma questão avassala-me
Nestas cenas dignas de um filme
E com a alma cega pelo ciúme

Questiono o porquê das palavras
Porque as procuro até na solidão
Quem segura e guia agora a minha mão…
Eu não sou não… sou escravo delas, pois então!


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