como nomear

Data 06/01/2014 00:01:37 | Tópico: Poemas

como nomear as coisas

estremeço nesta guerra de lembrar
as minúsculas porções de esquecimento
tudo tem nomes, por cima de nomes
uns por dentro, outros bem fundo
tudo a regurgitar na fala que diz coisa sem coisa
porque é sempre uma outra que não digo.
no poço descontrolado da língua
imagino o contorno do terror
que é o não acerto certeiro da mente
presa que fica entre a luz e a escuridão.
por vezes tudo se ilumina
e entre trilhos e brilhos,
nas minhas sombras eu vejo e me perdoo
esta loucura que é ser à vez
nuvem, chuva, tempestade
dia de sol, fogo, eléctrica claridade.
mas, é quando fecho as pálpebras
que melhor moldo a vida, nas águas que rasgo
com as minhas mãos de vento.
essa agitação repovoa-me de esquecimentos.
por isso, tenho em mim lugares que ardem futuros
com pequenas trevas nas esquinas.
as minhas veias minei-as de canções tristes e sós
que vou trauteando nos beirais interiores
enquanto subo e desço sem sair do chão
de um qualquer poema revolto
abstracta criação, delicada ira
contrários em movimento, lírios de gelo
entre silêncios bebendo os pólos.




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