O segundo amor afinidades sem idade…

Data 08/01/2014 06:41:20 | Tópico: Poemas









Depois do primeiro amor ter acabado, a vida, os sonhos, a alegria, também …
Morria sempre que acordava … tive que reaprender o gosto pelas coisas pequenas, aprender a olhar os acordares do mar, os recados da natureza.

Aprender com as crianças como ser criança, o gosto de brincar, os sorrisos desprendidos, a vontade de experimentar os saltos as correrias na areia ou junto à piscina…o melhor da vida …

Durante 2 anos e meio, tive de costurar os pedaços desfraldados da esperança…no coração amputado…

Até que surgi-o, um belo dia, 2 amigas, na ternura dos 40, pediram-me ajuda com as suas malas, vinham passar férias junto à praia …

Assim foi, elas acharam graça as minhas perninhas de oliva palito no masculino … chamavam-me o Olly…

Numa noite, fui sair com uns amigos irlandeses, encontrei elas num pub … começamos a falar e no meio da conversa, a amiga nos deixou sozinhos. Eu e a kathy ficámos a olhar-nos sem sabermos o que fazer, falámos, ou melhor ela falava e eu escutava com o coração nos olhos …

No final dessa noite, ela pediu-me que acompanha-se até ao seu apartamento, visto que a sua amiga, já estava noutras direcções assistidas…

Quando estava perto de chegarmos ao apartamento, enchi-me de coragem, peguei-lhe na mão e convidei para ver o mar, ela aceitou meia surpreendida…

Assim foi, nos sentámos naquele areal, escutando o respirar húmido do mar …e assistindo ao parto áureo do amanhecer …mas antes, ela adormeceu no meu colo, olhando para mim com um céu empacotado de ternura …
E quanta intimidade ali se gerou, para mim foi como se tivesse feito amor 300 vezes, beijado 500 vezes … fiquei ali a olhar o seu rosto, enquanto as gaivotas se agrupavam, para cumprir o ritual de secar suas asas com os primeiros raios de sol…

No outro dia, convidei para jantar, cozinhei para ela, fiz um arroz de frango com salada…
Assim começou mais uma história de amor, eu tinha 21 anos ela tinha 43, ela me ensinou a amar, de uma forma calma, serena existia uma cumplicidade tão grande…que é difícil de explicar por palavras …

Durante uma semana, vivemos uma união perfeita, entre caricias, passeios na praia, numa entrega inimaginável, na partilha igual, até hoje nunca encontrei ninguém com tão grande afinidade, espiritual, intimamente profunda… lembro-a com tanto carinho…

Depois das férias de amor, voltou à realidade do seu país, da sua vida e não aguentou as saudades, tinha deixado o melhor de si comigo, seu coração…

Passado um mês voltou, com mais tempo, para amar e ser feliz como há muito não era …

Nos entregamos numa colmeia de mimos, numa partilha de espírito em carne…

Ela ensinou me a suavidade dos gestos, o afecto dos olhos e da pele … fazíamos amor como se tivéssemos a construir um céu novo …

Mas idade era demasiada, para certas pessoas que nos olhavam com desdém, e nos condenavam… ela conheceu a minha família …

Acho que Deus por vezes, junta almas tão sofridas, tão parecidas, para diminuir a dor e para dar esperança e um folgo renascido, para não desistirmos do caminho dos sonhos…

A história deste amor, tinha os dias contados, por mais que o seu amor por mim fosse estrondoso, o seu coração generoso obrigo-a a soltar-me para ser feliz e construir uma família …



10 Anos se gastaram sem gastar a saudade…
Fugimos descalços
Sorrimos abraçados
Gritamos entrelaçados,
Sem sabermos o preço a pagar
Por temos parado o tempo,
Na hora de amar…

Hoje recortamos na memória, artefactos tão golpeados pela distancia,
Mas intactos na sua essência…

Apesar de todas as diferenças,
A colisão do olhar nos aproximou …
Eu era jovem inquieto,
E tu, menina e moça, na ternura dos 40
De países diferentes, de classes sociais tão distantes,

O amor nos venceu

Fechamos os olhos e assim foi…,
Embriagados pelo veneno doce
Dos nossos corpo,
Cozemos nossas almas
Com um pouco do sempre…

Obrigado Kathy



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