falsário farsante

Data 21/01/2014 23:30:30 | Tópico: Poemas



Não demorou nem um instante,
ele estava num canto imóvel
olhando por cima do ombro,
arrumando um tosco pince nez
ao longo dos olhos vesgos,
mirando extasiado;
descortinava-se paisagem verdejante
abelhas procurando flores
vibrando agitadas as asas de cobre.

A vela continuava queimando
pousada no castiçal dourado
os caroços dos abacates
apitavam ruidosos
inéditos sons estridentes
coroando as pequenas sementes
espalhadas na poeira decorada
pelas frutas expostas no balcão.

Castiçal de metal vagabundo
acumulava na arandela,
pingos da cera queimada da vela,
projetava sombras nas paredes
enfumaçando as telas penduradas,
desvalorizando Van Goghs, Picassos
e Matisses falsificados;
tudo acontecendo à vista
do pernóstico colecionador farsante.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=262228