Mesmo que me sossegue querer-me-ia Silêncio
Data 28/01/2014 04:12:22 | Tópico: Poemas
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Dos mares resvalam velas sem destino Aprisionadas aos mastros apodrecidos pelo sal em volta Como passos errantes enquanto espantalhos ao longe Esfregam mãos fechadas sem calor. Miragens. Assim se constroem viagens constantes Invejando o rápido relâmpago derramando abismos Sem margens ou limites como as palavras que se apagam Febrilmente. Sementes germinam pelo areal sem nexo Desordenadas Desinteressantes espaços cantos.
Dizes-me das vontades roucas rasgadas pela crista das ondas Num lugar algures onde se escondem as nuvens repentinas Fio invisível que me roubou o tempo de ti. Lampeja o ar Severo mas mais sensível que o toque recém-criado Envolvendo-nos como veneno desejado Ouço-te e resplandeces recriando repousos sem Certezas ignoradas. Mesmo que me sossegue Querer-me-ia Silêncio Pela noite que o inverno teceu.
Passo por esta Terra que não é minha
Desabrigando-me do tempo Sentindo-te perto pelo respirar
Inundando-me
Sem destino.
(Ricardo Pocinho)
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