
FOSTE MEU RENASCER
Data 29/01/2014 17:32:01 | Tópico: Poemas
| FOSTE MEU RENASCER
Na penumbra soberba das trévas, Vermelhas passadeiras de ilusões, Estendiam-se incontidas as serras, Na cegueira cabal das percepções! Nem sequer me questionava sobre mim, Julgava ter nascido, Para morrer assim.
Não traçava planos, sonhando futuros, Buscava o nada, que sempre encontrei, Na renda dos dias, tão pobres tão escuros, Rasguei-me por dentro e assim me ganhei. Bebia da vida o vinagre agreste, Até ao momento, Em que tu apareceste.
Meu barco virou, Meu castelo ruiu, O mundo parou, Meu peito esvaiu.
Queria-te tanto, por dentro do esboço, Por fora do mundo onde me criei, Da tua goiaba, quis ser o caroço, Ser o mar da ilha que em ti encontrei. Perfumei os campos pra te colher flores, E do arco-íris lhe roubei as cores.
Dei frescura impar ao sol do poente, Rolei-te no feno traçando-te o mapa, Verdejei os montes pra ti de presente, E ofereci-te a vida no toque da harpa, Nos rios de mofo pus força e vigor, Ao mar tenebroso, pujança e fulgor.
Por eras remotas em paixões destoantes, Senti nas mordaças o grito homicida, Colhi nas tristezas os poucos instantes, Matizes na ideia que tinha da vida. Aprendi a amar contigo, meu pé de cidreira, Saciando a fome na luz do teu ser, Sobre ti derramei minha alma inteira, Plantada em teu peito no meu renascer.
Beija-flor
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