
Magoas Intimas
Data 04/02/2014 22:53:23 | Tópico: Poemas
| Quando recordo a mocidade, vem-me à lembrança, aquela triste criança de tenra idade no tempo da infância! E recordo o sonho que me jazia numa única ganância. Ver-me ao longe, bem distante daquela infância! Gritos que soltei em desajustes tão crueis, coisas que passaram em casas que desabei! Tantos sonhos, tanta gente em mim matei! Mas matei!!! Juntei as mãos e rezei! Foi assim que suportei! Pobre criança!!! Acreditei! Senti-me folha-de-pael, não-escrito, em branco, sem linhas, proscrito ... Fui poema inacabado, passaro ferido, morto, desgarrado! Sem tino nem destino! Coração perdido, sangrado, rosto escondido, marcado! Ser distante, infeliz, magoado ... Fantasma triste, vindo do passado! Arcanjo sem asas, depenado! Passaro caido, alado! Mas houve um dia que vooei! Fui p'ra lá daquela infância, daquela mocidade, e hoje, já não sou a pobre criança que outrora sofreu a dor daquela idade ... E essa gente, Seres tão castos, ainda mente! É gente que ressente e permanece, fria e austera, perto e distante ... Coitados!!! Coitados!!!
Ricardo Louro no Café a Brasileira, no Chiado, em Lisboa.
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